O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, compareceu, nesta terça-feira (5), à audiência pública solicitada pelo líder do PSB na Câmara, Bira do Pindaré, para esclarecer denúncias de irregularidades relacionadas à Pasta. Entre elas, indícios de que seu filho Antônio Cristovão Neto, conhecido como Queiroguinha, estaria intermediando a liberação de recursos públicos do Ministério e do Fundo Nacional de Saúde para prefeitos da Paraíba, Estado pelo qual é pré-candidato a deputado federal. Queiroguinha chegou a afirmar em Encontro Anual dos Prefeitos da Região do Cariri que era “representante do Governo Federal” e que promoveria reuniões dos políticos com o ministro.
O socialista questionou o ministro como ele justifica a atuação de seu filho intermediando o acesso de políticos ao seu gabinete, bem como a liberação de recursos do Ministério e do Fundo Nacional de Saúde para municípios paraibanos.
“Existe um gabinete paralelo dentro do Ministério comandado pelo senhor que tem o objetivo de eleger seu filho? Ele está fazendo uso da máquina pública para se eleger? O senhor sabe que pactuar com a atuação do seu filho como intermediário nas ações do MS constitui improbidade administrativa e crime de responsabilidade?”, perguntou Bira.
Com ironia, Queiroga rebateu questionando “qual é o problema de um filho visitar um pai em seu trabalho?”. O ministro afirmou que o filho é filiado ao Partido Liberal (PL), pré-candidato a deputado federal e que quando fala “nosso governo”, o faz por ser admirador e apoiador do presidente Jair Bolsonaro.
Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, Queiroguinha disponibiliza a agenda do pai em troca de apoio à sua candidatura. Relatos de prefeitos indicam que as reuniões promovidas pelo filho do ministro costumam resultar em cadastro imediato das demandas nos sistemas do Ministério da Saúde. Além disso, o filho do ministro representou a pasta em cerimônias para anunciar a liberação de recursos públicos, em substituição ao pai, inclusive com direito a discurso, mesmo sem ocupar caargo público.
Para o deputado federal Elias Vaz (PSB-GO), as denúncias são graves e o ministro precisa dar respostas. “O senhor reprova ou foi conivente com esse tipo de situação?”, perguntou a Queiroga.
Nesta segunda-feira (4), o jornal O Globo mostrou que Queiroguinha tem acesso exclusivo ao governo. No último ano, ele esteve ao menos 30 vezes no Palácio do Planalto e no Ministério da Saúde. Metade dessas visitas ocorreu a partir de fevereiro, quando o jovem universitário de 23 anos se filiou ao PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, e se lançou como pré-candidato a deputado federal pela Paraíba, seu estado. Nenhum desses encontros foi registrado em agendas oficiais.
As catracas do Palácio do Planalto registraram ao menos 12 visitas de Queiroguinha, sendo que em ao menos três ocasiões o destino foi o gabinete do presidente da República, Jair Bolsonaro. No ministério comandado pelo pai, o estudante de medicina esteve 18 vezes no período de um ano. Todas essas visitas aconteceram pela entrada privativa da sede da pasta, reservada a autoridades.
Após essas revelações do O Globo, o Ministério Público Federal (MPF) passou a apurar se há indícios de tráfico de influência e de improbidade administrativa.
A audiência na Câmara dos Deputados foi uma reunião conjunta das comissões de Defesa do Consumidor, de Defesa dos Direitos da Mulher, de Fiscalização Financeira e Controle, de Seguridade Social e Família, e de Trabalho, Administração e Serviço Público.
Comments