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Ainda a questão do segundo turno

Por Domingos Leonelli, Socialismo Criativo


Volto, pela terceira vez, ao tema do segundo turno, nas eleições presidenciais. E mais uma vez, reafirmo que o segundo turno não pode ser considerado uma derrota para Lula-Alckmin. Isso implica em dizer, que não podemos colocar, como objetivo, ganhar no primeiro turno.


Desculpem Lula e Haddad mas vocês podem estar laborando em equívoco quando colocam como objetivo ganhar no primeiro turno. Lula diz, inclusive, que falta um tiquinho para a vitória no primeiro turno e que não temos que ter vergonha de falar nessa hipótese. Haddad reforça o argumento dizendo que por tratar-se de um plebiscito entre democracia e fascismo, não há necessidade de um segundo turno.


Não é questão de vergonha, nem de confiar no tiquinho que falta pelas pesquisas. Apesar da contradição geral dessa campanha ter realmente o caráter de uma opção entre democracia e barbárie, o fato é que nós estamos diante de uma eleição em dois turnos e não de um plebiscito em turno único.


É uma eleição com mais de cinco ou seis candidatos, dois dos quais somando mais de 10% das preferenciais nas pesquisas. E Ciro e Tebet estão alinhados conosco contra Bolsonaro. A justíssima irritação com as declarações absurdas que Ciro vem fazendo não podem nos fazer esquecer que a maioria dos seus eleitores vão votar na chapa Lula-Alckmin num eventual segundo turno. Ou mesmo migrarem para nós ainda no primeiro. E a Simone Tebet está tirando votos de Bolsonaro.



A questão, portanto, não é de vergonha ou inibição em falar na vitória no primeiro turno. É uma questão estratégica política e eleitoral. Se nos faltar exatamente esse “tiquinho” e Lula chegar em primeiro lugar no segundo turno, entraríamos no segundo turno amargando uma “derrota” por não ter vencido no primeiro turno. E certamente a campanha de Bolsonaro vai ter razões para comemorar se conseguir demonstrar que esperávamos uma vitória no primeiro turno.


Pensemos no efeito disso sobre a militância e sobre o eleitorado. Sei que estrategistas e publicitários podem imaginar que isso se contorna na propaganda. Mas não é bem assim. Por trás da ideia de ter que ganhar no primeiro turno, está a tática do voto útil para conquistar os eleitores de Ciro Gomes e Simone Tebet já no primeiro turno. E uma campanha como essa pode ter efeito contrário, consolidando o voto deles no primeiro turno e dificultando a migração no segundo.


A minha modesta receita é muito simples: ignorar Ciro como Lula vinha sabiamente fazendo e tratar a Simone Tebet com luvas de pelica. Sem retórica de ganhar no primeiro turno. Reforçando a posição de Lula no debate da Band que declarou que quanto mais candidatos a presidente, melhor. Essa é a postura democrática de um estadista e líder político competente.


E se ganharmos no primeiro turno, maravilha! Duplo motivo de comemoração.

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