
Por Tainã Gomes de Matos, Socialismo Criativo
Trabalhadores autônomos que prestam serviço para o Amazon Flex, nos Estados Unidos, denunciaram possíveis demissões viabilizadas por softwares de inteligência artificial da gigante de que supostamente tomam decisões pelos Recursos Humanos.
Segundo matéria da Bloomberg, ex-funcionários e inúmeros relatórios disponibilizados na internet questionam a eficácia e o funcionamento ético do processo tecnológico e algorítmico que define as demissões e quedas na avaliação de entregadores.
Sem interferência humana
Cada motorista possui uma nota que resume sua performance no serviço — fantástico, ótimo, justo e “em risco” —, mas o sistema não justifica modificações no ranking e não elabora nas declarações de demissão.
A ex-funcionária Neddra Lira relatou, em entrevista ao portal, que sua taxa de avaliação despencou após ter de retornar pacotes para um galpão logístico da Amazon em virtude de um pneu furado.
Ela tentou questionar a empresa quanto à queda da sua avaliação, mas após alguma semanas de insistência, a funcionária teve ser contrato encerrado por “violação dos termos de serviço”. Ela ainda irá apelar contra a decisão, mas a empresa não a ressarciu.
Existem casos também como o do funcionário Stephen Normandin, que não consegui efetuar encomendas por encontrar os portões fechados nos locais de entrega. Os destinatários também não responderam às mensagens no telefone.
Ele alega que, em virtude desses acontecimentos, sua taxa de avaliação caiu “além do nível aceitável”, o que o levou a ser desligado da companhia. Leia também: Efeito Facebook na internet, no comércio, na política e nas pessoas
Amazon e os softwares “inteligentes”
Todas as denúncias feitas pelos entregadores apontam que as decisões são tomadas a partir de bots de inteligência artificial que analisam a performance de funcionários de acordo com indicadores e taxas de avaliação.
Esses relatórios de desempenho são analisados e interpretados com o mínimo de interferência humana. Neles, são levados em consideração o upload de documentos comprobatórios do início e fim dos turnos de trabalho, listagem de entregas, problemas de percurso e monitoramento de taxas de avaliação do serviço.
Apesar das inúmeras denúncias e de funcionários enxergarem o sistema como problemático, a Amazon ainda não sinalizou mudanças nem preocupações quanto à situação.
De acordo com um ex-engenheiro que ajudou a desenvolver o Amazon Flex, os executivos da empresa tinham noção de que o sistema poderia trazer problemas para a companhia, disse ele à Bloomberg sob anonimato.
O programa da Amazon foi desenvolvido em 2015 pela gigante do e-commerce com objetivo de fazer entregas rápidas para clientes Amazon Prime.
Com informações do Tec Mundo e Olhar Digital
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