O governo do Chile decretou estado de emergência após dias de protestos dos indígenas mapuches, reprimidos com violência. O presidente Sebastián Piñera decretou a militarização da região sul do país, onde ocorrem os conflitos. Os indígenas pretendem retomar o controle de suas terras.
“Queremos comunicar hoje que decidimos decretar o estado de emergência” em quatro províncias das regiões sul de Biobío e La Araucanía. O decreto “contempla a nomeação de chefes de defesa nacional” para controlar os “graves distúrbios de ordem pública”, anunciou Piñera, nesta terça-feira (12).
A medida ficará em vigor inicialmente por 15 dias nas províncias de Biobío e Arauco, na região de Biobío, e Malleco e Cautín, em Araucanía. O decreto pode ser prorrogado. As informações são do Opera Mundi.
No último domingo (10/10), um protesto mapuche organizado em Santiago terminou com cenas de violência entre os manifestantes e as forças policiais. Dezenas de pessoas ficaram feridas no conflito e a estudante de direito Denisse Cortés, de 43 anos, foi morta.
Maior grupo étnico do Chile
Os mapuches compõem o maior grupo étnico do Chile, com mais de 1,7 milhões dos 19 milhões de chilenos. Eles exigem a restituição de terras ancestrais, que hoje pertencem a empresas de exploração florestal e grandes latifundiários.
A maioria da população mapuche vive na pobreza e viu suas terras indígenas reduzidas pela expansão da indústria madeireira, responsável por 8% das exportações do país. O Chile atende a produção de 7% da celulose de papel do mundo.
A falta de uma solução para suas reivindicações levou a uma escalada da violência na última década nas províncias do sul do país, com ataques incendiários a prédios privados e caminhões.
Piñera no Pandora Papers
A decisão do presidente conservador é tomada no momento em que ele é alvo de investigações por indícios de corrupção e irregularidades tributárias reveladas pela série de matérias do Pandora Papers.
Na última semana, a Procuradoria-geral do Chile anunciou a abertura de uma investigação contra Piñera para apurar irregularidades na venda de uma mineradora de sua família.
Com informações da RFI
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