O reverendo Amilton Gomes de Paula é o primeiro convocado a ser ouvido pela CPI da Pandemia do Senado Federal. O colegiado retoma as sessões nesta terça-feira (3). Três novas oitivas estão agendadas para esta primeira semana de agosto enquanto os senadores se voltam, nesta segunda temporada da comissão, à apuração de casos de empresas que intermediaram a compra de vacinas entre o Ministério da Saúde e os laboratórios.
Amilton de Paula coordena a Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), órgão que atua como uma espécie de ONG para o governo federal. De acordo com as investigações da CPI, o reverendo é apontado como a pessoa que abriu as portas da Saúde à Davatti, empresa que tinha como representante o cabo da Polícia Militar, Luiz Paulo Dominguetti, que prometia 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca.
A convocação de Amilton atende pedido do vice-presidente do colegiado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O senador lembra que o caso veio à tona no início de julho, quando o Jornal Nacional, da Rede Globo, mostrou e-mails em que o diretor de Imunização do Ministério da Saúde, Laurício Cruz, autorizava o reverendo a comprar, por meio da Senah, 400 milhões de doses de vacinas contra a covid-19.
O depoimento do religioso estava marcado anteriormente para o dia 14 de julho, mas foi adiado por questões de saúde de Amilton de Paula. Ele apresentou um atestado médico alegando problemas renais, o que foi confirmado por perícia médica do Senado.
Recuperado, o reverendo comparecerá à CPI munido de um habeas corpus concedido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, que autorizou o silêncio parcial do reverendo. O depoente não precisará responder questionamentos que possam incriminá-lo. Fux negou o pedido apresentado pela defesa de Amilton de não comparecer ou se retirar da sessão.
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CPI foca no esquema de corrupção na Saúde
No retorno do recesso parlamentar, o núcleo duro da CPI quer focar nos esquemas de corrupção na compra de vacinas para identificar qual foi o papel dos intermediários que negociaram imunizantes em nome do governo federal.
Na quarta-feira (4), a CPI ouve o coronel Marcelo Blanco e, na quinta (5), o empresário Airton Antonio Soligo, mais conhecido como Airton Cascavel. Ambos são apontados como líderes do esquema de propinas na compra de vacinas.
Blanco era vinculado ao departamento de logística na gestão de Roberto Dias e é apontado como uma das pessoas que participou das reuniões de negociação com a Davati. O ex-assessor teria participado, inclusive, da reunião em que Dominguetti acusa Dias de ter cobrado propina pela aquisição das vacinas.
Para o senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) não há dúvidas de que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) prevaricou, mas, agora eles querem entender como se deu e qual foi o tamanho do papel do presidente nas negociações de vacinas.
“Não tem dúvida o crime de prevaricação no caso da Covaxin. Esse crime não há dúvidas. O que nós estamos investigando é porque o presidente prevaricou. O senhor presidente, tendo recebido a notícia de um esquema de corrupçãdo em curso no âmbito do Ministério da Saúde, não tomou providências. E também há outros cirmes. Nós estamos procurando os liames entre os crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, tráfico de infuência e os demais”, disse Randolfe Rodrigues ao O Globo.
Precisa Medicamentos
Além dos depoimentos já confirmado nesta semana, uma das presenças mais esperadas na retomada da CPI da Pandemia é do empresário Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, empresa responsável pela negociação da vacina indiana Covaxin.
O empresário deveria depor nesta terça, porém, Maximiano apresentou o seu passaporte com viagem marcada para a Índia e, portanto, o seu depoimento deve acontecer entre os dias 10 e 12 de agosto.
“Nós já conseguimos provar que houve crime contra a saúde pública e que houve crime contra a vida. Crime sanitário que é contra a saúde é imunização de rebanho defendida abertamente por deputados e defendida por pessoas aí do governo que levou a morte de muitas pessoas”, declarou o presidente da CPI, o senador Omar Aziz (PSD-AM), em entrevista a Globo News na noite deste domingo (1).
Com informações da Agência Senad, Revista Fórum e CNN
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