O fórum dos partidos progressistas (PSB,PT,PDT,PSOL, PV, PCdoB e Rede) se reuniu nesta terça-feira (25), em Brasília, para tratar da agenda de crescimento, defesa da democracia e reconstrução do país, principais desafios do governo Lula/Alckmin, após os quatro anos do governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro. Participaram os presidentes nacionais do PSB, Carlos Siqueira, do PT, Gleisi Hoffmann, do PSOL, Juliano Medeiros, o vice-presidente do PCdoB, Walter Sorrentino, o ministro da Previdência Carlos Lupi, presidente licenciado do PDT, o secretário-geral do PT, Henrique Fontana, além de líderes dos partidos na Câmara e no Senado. O fórum emitiu uma nota criticando os altos juros definidos pelo Banco Central, defendendo o crescimento econômico e a defesa da democracia.
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, avaliou que os partidos precisam fazer uma reflexão mais profunda sobre a crise da democracia representativa, que acarretou na ascensão da extrema-direita no Brasil e no mundo. Para Siqueira, é preciso mudar a forma de fazer política. “Estamos sendo insuficientes, e não excluo ninguém. A realidade exige repensarmos a forma de funcionamento dos partidos, repensarmos o tipo de democracia a que chegamos, que está muito degradada por diferentes razões. Precisamos tentar recuperá-la e mantê-la”, defendeu.
Siqueira defendeu ainda que as forças progressistas devem relembrar a população que os principais avanços sociais são fruto da luta da esquerda. Em sua avaliação, é dever do campo progressista “ir muito além” dessas conquistas ou, “no mínimo, mantê-las”. “No período democrático tivemos conquistas fundamentais, sem as quais não justificaria a nossa existência. O Sistema Único de Saúde, a universalização do ensino básico, a aposentadoria rural. Quem fundou o sistema de saúde? Os comunistas, os socialistas, em largo espectro, os social-democratas brasileiros e alguns democratas com sensibilidade social que existia na época”, observou.
Durante a reunião, os representantes dos partidos classificaram a CPMI do Golpe e a aprovação do novo arcabouço fiscal as pautas mais sensíveis que vão demandar atenção especial e esforço conjunto das siglas no Congresso Nacional.
Sobre a proposta que vai substituir o Teto de Gastos, apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Siqueira defendeu que o campo progressista deve trabalhar contra o retrocesso na capacidade de investimento do governo. “Não podemos concordar em nenhum momento com a hipótese de ter redução em saúde e educação, isso seria impensável.”
Os representantes dos partidos definiram ainda que as reuniões do fórum serão quinzenais ou, se necessário, semanais.
Segue a íntegra da nota emitida pelo fórum:
NOTA DO FÓRUM DOS PARTIDOS PROGRESSISTAS
CONTRA OS JUROS DO BC, EM DEFESA DO CRESCIMENTO E DA DEMOCRACIA
O Brasil viveu um pesadelo nos últimos quatro anos sob um governo de extrema-direita. Por isso nos unimos numa frente ampla para eleger Lula presidente e garantir um programa capaz de reconstruir o país.
Entre os compromissos firmados com o povo brasileiro estão a retomada das políticas públicas destruídas pelo governo anterior, a ampliação dos investimentos em saúde e educação, a garantia de uma política internacional altiva e independente, o estímulo ao investimento produtivo e a promoção de uma reforma tributária que garanta simplificação e progressividade.
Tais mudanças são incompatíveis com a política monetária legada daquele período nefasto, que impõe ao país a maior taxa de juros reais do planeta, estrangula o crédito, inviabiliza o investimento, condena a economia à recessão e a população ao desemprego e à pobreza.
A continuidade dessa política de juros estratosféricos e da atual direção do Banco Central, arrogante e irresponsável, é um veneno para a economia e para a sociedade brasileira, tão nociva quanto as ameaças à democracia que o Brasil tem enfrentado desde o processo eleitoral.
É neste contexto que nos dispomos a debater as novas regras fiscais encaminhadas pelo governo ao Congresso Nacional, de forma a aperfeiçoá-las às necessidades do programa eleito nas urnas e à reconstrução do país, enfrentando as pressões que tenham como finalidade inviabilizar os compromissos do governo recém iniciado ou criminalizar sua política econômica.
O Teto de Gastos, imposto ao povo brasileiro num momento de crise política e econômica, teve como resultado a ampliação das desigualdades, o estrangulamento das políticas sociais e o desmonte de áreas estratégicas do Estado, sequer cumprindo suas promessas de equilíbrio das contas públicas. Uma nova regra fiscal, portanto, deve levar em conta as necessidades do povo brasileiro e garantir que seja executado o programa que nos levou à vitória nas urnas.
É também neste contexto que nossos partidos irão atuar com firmeza para que a CPMI do Golpe lance luz sobre os episódios criminosos de 8 de janeiro e toda a cadeia dos fatos que os antecederam, sob o comando de um ex-presidente derrotado pelas urnas, pela democracia e pela história, para que todos sejam responsabilizados.
Conclamamos os partidos e forças políticas do campo democrático a caminhar conosco em torno destes objetivos, para que o Brasil volte a crescer e nosso povo possa trabalhar em paz, com justiça social e democracia sempre.
André Figueiredo – Presidente em exercício do PDT
Carlos Siqueira – Presidente do PSB
Gleisi Hoffmann – Presidenta do PT
José Luiz Penna – Presidente do PV
Juliano Medeiros – Presidente do PSOL
Luciana Santos – Presidenta do PCdoB
Wesley Diógenes – Porta-Voz da Rede
Brasília, 26 de abril de 2023

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