Por Carolina Fortes
Uma nova variante da covid-19 detectada na África do Sul está gerando pânico em várias regiões do mundo. Países da Europa, Oriente Médio e Ásia suspenderam voos oriundos do sul da África após a descoberta da cepa B.1.1.529, considerada com o maior número de mutações.
Até agora, foram confirmados 77 casos na Província de Gauteng, na África do Sul; 4 casos em Botsuana; 1 em Hong Kong (uma pessoa que voltou de uma viagem à África do Sul) e 1 em Israel (uma pessoa que voltou do Malaui).
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou no Twitter que irá propor que todos os países membros do bloco proíbam voos oriundos da África do Sul. Reino Unido, Alemanha, Itália, França, República Tcheca, Israel, Cingapura e Japão já anunciaram a medida.
A ministra do Turismo da África do Sul, Lindiwe Sisulu, divulgou comunicado no Twitter classificando como “decepcionantes” as restrições por parte do Reino Unido e afirmou que seu país continua “aberto para viagens de negócios e turismo”.
“Continuaremos trabalhando com os países que estão limitando as viagens para garantir que as melhores intervenções possíveis sejam implementadas”, escreveu.
Anvisa sugere barrar viajantes
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) sugeriu nesta sexta-feira (26) limitar a entrada no Brasil de quem esteve, nos últimos 14 dias, em seis países africanos: África do Sul, Botsuana, Suazilândia (Eswatini), Lesoto, Namíbia e Zimbábue.
A ideia é evitar que se espalhe no Brasil uma nova variante da covid-19 potencialmente mais transmissível, a B.1.1.529.
Os ministérios da Casa Civil, Justiça e Saúde vão decidir se acatam ou não as sugestões da Anvisa de controle sanitário de fronteiras. O governo ignora desde o último dia 12 a sugestão da agência de adotar o “passaporte da vacina” para entrada por terra ou em voos internacionais no Brasil.
Nesta sexta, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) descartou fechar aeroportos, mas admitiu que uma nova onda do novo coronavírus está a caminho.
Em nota técnica, a Anvisa afirma que países como Itália, Alemanha e Reino Unido já adotaram medidas de restrição de trânsito de viajantes de regiões com registro da nova variante.
“Essa nova variante parece ter maior transmissibilidade e provavelmente está ligada ao aumento contínuo de infecções por SARS-CoV-2 nos referidos países, cuja cobertura vacinal ainda encontra-se baixa”, diz a agência.
A Anvisa faz três recomendações:
Suspensão imediata dos voos vindos destes seis países africanos;
Suspensão da autorização de desembarque no Brasil de viajantes que passaram por esses mesmos seis países nos últimos 14 dias;
Em casos excepcionais, como de pessoas que integram o corpo diplomático desses países, a proposta é realizar quarentena no Brasil após o desembarque.
Na nota técnica, a Anvisa observa que não há voos destes países ao Brasil. Na prática, a medida deve ter maior impacto para viajantes que estiveram em algum destes locais nas últimas duas semanas.
Se for aceita a restrição, será preciso ficar pelo menos 14 dias fora destas regiões antes de entrar no Brasil.
“A Anvisa alerta que as medidas aqui sugeridas possuem caráter temporário, devendo ser revistas conforme a evolução do cenário epidemiológico mundial, podendo também ser estendidas a outros países nos quais forem detectadas a circulação de novas variantes do vírus SARS-CoV-2”, afirma a nota da agência.
Hoje não há uma lista de países sob restrição para entrada no Brasil. O governo já adotou limitações a quem esteve no Reino Unido, África do Sul, Irlanda do Norte e Índia, também para evitar a chegada de novas variantes.
A nova variante surge num momento em que países europeus já vinham retomando restrições devido ao aumento de casos de covid. A notícia derrubou Bolsas, petróleo e criptomoedas em todo o mundo.
Vacinação na África do Sul é baixa
Uma das principais preocupações é em relação ao grande número de mutações da variante, o que pode torná-la pouco resistente às vacinas. Porém, é necessário que mais estudos sejam feitos para concluir o quão perigosa ela é.
De acordo com o Ministério do Turismo da África do Sul, a reputação epidemiológica do país é mundial e o setor de saúde “tem demonstrado resiliência, competência e expertise desde o início da pandemia da covid-19”.
Até o momento, apenas 24% da população da África do Sul foi vacinada contra o coroonavírus, segundo dados do Our World in Data.
Com informações da Folha de S. Paulo
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