Por Michelle Portela, Socialismo Criativo
A Oposição na Câmara quer investigar a gestão do Meio Ambiente com a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) vive uma crise sem precedentes, que conjuga finanças combalidas, liderança fraca e relacionamento tenso com o Palácio do Planalto, sob forte disputa de controle do órgão.
Embora não fosse ligado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Inpe fornece informações estratégicas para o MMA e diversas áreas, inclusive para a agricultura.
A declaração do cientista da computação e ex-diretor do instituto, Gilberto Câmara, que comandou o Inpe entre os anos de 2005 e 2012, ao jornal O Globo, intensificou a cobrança da oposição sobre a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Ministério do Meio Ambiente na Câmara dos Deputados.
O líder da Oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), reafirma a importância do Inpe para o país e cobra investigações sobre o desmonte ambiental promovido pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
A abertura de uma CPI do MMA é uma demanda da bancada do PSB, que busca apoio de outros parlamentares para coletar as 171 assinaturas necessárias para a abertura da investigação na Câmara. O líder da Minoria, deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) afirmou que os socialistas vão atuar pelas investigações .
O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) observa que com todos os desmandos promovidos pelo governo, não é de se estranhar a queda vertiginosa de multas pagas por crimes ambientais na gestão Bolsonaro.
Inpe usado como cortina de fumaça
Na última semana, o governo federal anunciou que a atribuição de divulgar alertas sobre incêndios em todo o país passará do Inpe, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), para o Sistema Nacional de Meteorologia (SNM), do Instituto Nacional de Meteorologia.
“A criação do SNM é uma cortina de fumaça, fruto do desespero do governo, que está perdendo apoio eleitoral e é pressionado internacionalmente para tomar medidas contra o desmatamento e as queimadas. Com a falta de boas notícias, resolve amordaçar o Inpe, que é um mensageiro independente”, disse o ex-diretor do Inpe, Gilberto Câmara.
O ex-diretor disse, ainda, que o atual diretor Clezio de Nardin é “tão fraco como o ministro” [Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia]. “Eles não defendem o Inpe, e outros órgãos estão tirando proveito para tomar funções que o instituto desempenha há décadas. O Inmet quer divulgar dados sobre queimadas, mas o que ele sabe sobre isso? Nada. É de um primarismo vergonhoso”, afirmou.
Com informações do jornal O Globo
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