Por: Olávio Gomes
O olho humano é capaz de enxergar até 100 micrômetros, o que tornaria impossível notar um inimigo menor ainda, o vírus, que mede cerca de 50-200 nanômetros. Mas o que fundamentos biológicos teriam a ver com gestão, serviços de saúde e política?
Tudo, e a Saúde Coletiva explica.
Foram inúmeras mortes por Covid no início da pandemia, durante a gestão do (des) governo passado. Éramos incapazes de enxergar o inimigo imunoprevenível que se hospedava em nossos corpos biológicos e nos adoecia até matar. Não era mais questão de gestão de riscos, mas de urgente necessidade de gerenciamento de crise.
A figura pública política mais importante do país à épocadesmoralizou a mídia, acadêmicos e pesquisadores, criando seu próprio veículo de comunicação no YouTube, toda quinta-feira, para falar o que bem entendesse sobre o tema: “gripezinha”, associação entre vacina para Covid einfecção por HIV, dentre outras atrocidades. Houve até defesa de medicamento que posteriormente os mesmos acadêmicos desmoralizados provaram não oferecer resposta imunológica alguma. Estima-se que milhões de reais foram escoados ao ralo com aquisição infundada de ivermectina, enquanto milhares padeciam em leitos de UTI.
Dengue. Dengue hemorrágica. Outro vírus, de transmissão vetorial, capaz de escravizar as células do corpo humano como se fosse um Cavalo de Tróia, hospedado inicialmente em uma arbovirose pequena, maspotencialmente letal. Dois contextos virais de emergência em Saúde Pública. Mas o que difere um do outro?
A resposta e a omissão dela.
Quando a pandemia já estava em seu auge, Bolsonaro e seu Ministro da Saúde usaram da influência política e ideológica para menosprezar a letalidade do inimigopandêmico imunoprevenível, usando o discurso Darwinista de que o vírus oferecia perigo apenas a pessoas “fora de forma”. A omissão foi fatal com as quase um milhão de pessoas que morreram por coronavírus na gestão passada.
A Ministra da Saúde, Nísia Trindade, tem somado esforços com suas secretarias - em destaque a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA/MS) - para trazer resposta não apenas contra as cepas virais da dengue, mas diversas outras doenças imunopreveníveis como influenza, Covid, dentre outras. Nísia disse em última entrevista ao Globo News que segue enfrentando as críticas sabendo que trabalha para o fortalecimento do SUS com o objetivo de cuidar das pessoas. Segundo ela, essa é a Missão de umMinistério da Saúde.
É apenas a partir da boa gestão que os serviços de saúde conseguirão oferecer respostas assertivas aos surtos, epidemias, endemias e pandemias quando elas acontecerem. E elas vão acontecer, embora não saibamos quando ou onde. Enquanto a política, a gestão e o planejamento estiverem dissociados das tomadas de decisão, nossas comunidades pagarão o árduo preço da ausência de bons gestores, quando precisaremos deles.
E precisaremos.
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