Com Carolina Fortes
Após grande pressão nas redes sociais, o Twitter atualizou a plataforma e passou a permitir denúncias de postagens com informações enganosas no Brasil. Essa possibilidade, que funciona em teste apenas nos Estados Unidos, Coreia do Sul e Austrália, também estará disponível na Espanha e Filipinas.
O Twitter afirmou que escolheu esses países porque quer “colher aprendizados de uma pequena, porém geograficamente diversificada, gama de regiões – incluindo aquelas em que o inglês não é o primeiro idioma – antes de tornar a ferramenta disponível globalmente”.
Além disso, influenciou na decisão o fato de 2022 ser o ano das eleições no Brasil e nas Filipinas, assim como de meio mandato nos Estados Unidos. As notícias falsas, uma das maiores marcas da última corrida presidencial no Brasil, beneficiaram principalmente o candidato Jair Bolsonaro (PL), que foi eleito sem ter ao menos participado de qualquer debate.
Internautas pressionam Twitter
Na última semana, usuários do Twitter se mobilizaram em uma campanha para cobrar que a direção da plataforma colocasse em execução no Brasil ferramenta que filtre informações falsas e negacionistas. Para isso, foi difundida a hashtag #TwitterApoiaFakeNews, que chegou ao topo dos assuntos mais comentados.
O Sleeping Giants Brasil, movimento contra o financiamento do discurso de ódio e fake news que já conseguiu desmonetizar vários canais que faturavam às custas da propagação de mentiras, cobrou o Twitter e chamou os usuários para fazer pressão por uma atitude da plataforma.
Twitter bloqueou “Véio da Havan”
Na semana passada, o Twitter bloqueou a conta do empresário Luciano Hang, o “Véio da Havan”. Quem tentou entrar no perfil de Hang na rede social do passarinho azul, se deparou com um perfil vazio, sem postagens, e a mensagem: “O Twitter suspende as contas que violam as regras”.
É uma segunda punição ao empresário com bloqueio de perfis em redes sociais, dessa vez no âmbito da plataforma.
Em julho de 2020, Hang já tinha tido seus perfis suspensos por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), dentro da investigação sobre a difusão de notícias falsas e desinformação.
Hang foi chamado à CPI da Pandemia, no ano passado, após a comissão identificar mensagens de Allan dos Santos — acusado de disseminar fake news sobre a pandemia — com Eduardo Bolsonaro, nas quais o blogueiro afirmava ter conseguido “patrocínio” do empresário dono da Havan em 2019.
“Identificamos a existência de uma verdadeira organização criminosa de fake news que teve papel determinante no agravamento da pandemia. Essa organização começa a se articular partir de 2019 e, na pandemia, para reforçar o discurso negacionista do presidente da República e do seu governo”, disse na época o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
A comissão apontou que Hang, além de apoiar medidas ineficazes contra a covid-19, também divulgava informações falsas a respeito da doença — o empresário negou todas as acusações.
Twitter removeu fake news de Silas Malafaia
O Twitter também removeu na terça-feira (11) as publicações mais recentes do pastor bolsonarista Silas Malafaia, incluindo uma que chamava a vacinação contra a Covid-19 em crianças de “infanticídio”. Mais de 10 publicações de Malafaia apareceram como indisponíveis em seu perfil oficial.
No dia 10 de janeiro, a hashtag #DerrubaMalafaia foi para a lista de assuntos mais comentados do Twitter no Brasil com usuários cobrando a retirada do vídeo. Agora, internautas pedem que a rede social remova o perfil inteiro do pastor por espalhar notícias falsas.
“O @TwitterBrasil finalmente tomou uma atitude e excluiu o tweet absurdo do pastor Silas Malafaia por violação das regras, mas sabemos que pode ser mais. Ele já violou em várias oportunidades. Queremos #DerrubaMalafaia“, escreveu o perfil “Desmentindo Bolsonaro”.
Leia também: Redes sociais: aliadas ou inimigas da informação?
Seguindo a narrativa de Jair Bolsonaro (PL), Malafaia postou um vídeo em que, além de associar a vacinação infantil a assassinato, afirma que não existiram casos suficientes de Covid em crianças a ponto de se necessitar de uma campanha de imunização para este público. O pastor, no entanto, omitiu que cerca de 2,5 mil crianças morreram de covid no Brasil durante a pandemia.
O Twitter, em suas regras, veda não só a divulgação de fake news, como fez Malafaia, como também possui uma política específica voltada para publicações relacionadas à Covid-19.
“Conteúdo que seja comprovadamente falso ou enganoso e que possa causar risco significativo de danos (como aumento da exposição ao vírus ou efeitos adversos sobre os sistemas de saúde pública) não pode ser compartilhado no Twitter. Isso inclui compartilhar conteúdo que induza as pessoas ao erro quanto à natureza do vírus COVID-19; eficácia e/ou segurança de medidas preventivas, tratamentos ou outras precauções para mitigar ou tratar a doença; regulamentos oficiais, restrições ou isenções relativas a orientações de saúde; ou prevalência do vírus ou risco de infecção ou morte associados à COVID-19”, diz a rede social.
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